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Debate sobre origem do cérebro social e religiões divide pesquisadores em Seminário Internacional

A religião e o cérebro social: desafios de sentido na contemporaneidade” foi o tema do painel de debates do segundo dia do XII Seminário Internacional de Psicologia e Senso Religioso, na manhã desta terça-feira (12). A discussão reuniu pesquisadores para abordar as polêmicas em torno da origem do conceito de cérebro social e o papel da religião na evolução cultural.

O estudo foi apresentado por um dos convidados internacionais do evento, o pesquisador do grupo Psychology of Religion da Universidade de Cambridge (Reino Unido), doutor e pós-doutor em Psicologia, Miguel Farias, e o membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Psicologia Anomalística, Saúde, Espiritualidade e Religiosidade da PUC do Rio Grande do Sul, (GESP/PUC-RS), o psicólogo Leandro Madeira.

Os pesquisadores defenderam, baseado em teorias científicas e análises antropológicas e históricas, que o desenvolvimento e crescimento do cérebro humano, está relacionado aos primeiros agrupamentos sociais. De acordo com Miguel Farias, a liberação do hormônio endorfina em comportamentos como o de “catação”, caracterizado pelo contato entre seres humanos, levou à necessidade de criação de novos e até maiores agrupamentos.

“Ao longo do tempo, o ser humano passou a criar meios para liberar a endorfina, ou seja, manter este contato prazeroso com o outro. Entre os exemplos estão a música, rituais religiosos e culturais No caso da religião, ela foi uma ferramenta de regulação das populações”, argumentou o pesquisador.

A teoria foi confrontada pelos debatedores Alexander Moreira Almeida, professor associado de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e fundador e diretor do NUPES (Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde da UFJF); e Wellington Zangari, doutor e pós-doutor em Psicologia Social pela USP e vice coordenador do GT Psicologia e Religião da ANPEPP.

Entre as críticas e sugestões ao trabalho, os pesquisadores mencionaram a dificuldade em limitar a relação das práticas religiosas (rituais) com a crença e o primeiro contato do ser humano com a fé, além da correlação entre espiritualidade e religiosidade. “Vale destacar ainda que o aumento da capacidade cerebral tem a ver com tudo o que o ser humano vivia naquele período e não só com a busca por uma religião”, ponderou Alexander.

A coordenação da mesa de debates ficou sob responsabilidade da psicóloga, doutora em Teologia e pós-doutora em Psicologia da Religião, Mary Rute Esperandio, da PUC-PR. Ao final, ela elogiou o alto nível das discussões, salientando aos acadêmicos presentes sobre a importância da crença pessoal durante a elaboração de seus trabalhos. “A verdade da ciência é sempre a nossa perspectiva enquanto pesquisador. O sentido não existe, ele é criado. Lembrem-se disso”, encerrou.

 

Fonte: Pau e Prosa Comunicação

Foto: Helder Faria

 

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